Percursos químicos diversos pela cidade de Coimbra que não estão incluidos no percurso Químico pela Universidade de Coimbra. Desde os monumentos às actividades humanas, passando por algumas curiosidades que revelam a importância da Química.
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(PQ-CC) Colóides à mesa do café
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Um copo de leite é uma emulsão, ou seja a dispersão de um líquido noutro (a maionese e as natas também o são). A espuma do café, aliás como todas as espumas, é a dispersão de um gás num líquido. Note-se que o café expresso, se for bem tirado, é uma solução verdadeira, enquanto muitas vezes o café de saco fica turvo, sendo nesse caso um sol, ou seja a suspensão de partículas sólidas num líquido. Também um sol são os melhores sumos de laranja, por exemplo. As torradas e os bolos podem, de alguma forma, ser vistos como uma dispersão de bolhas de ar numa matriz sólida. O doce com que se barra uma torrada é em geral um gel, ou seja a dispersão de gotas de líquido num sólido (tal como o é a gelatina ou o queijo). Se o café ou o chá estiver muito quente, ou se estiver frio cá fora, pode formar-se um aerossol, uma dispersão de gotas de água a flutuar no ar. Se houver fumadores, ou se estiver a ser feito um churrasco, poderemos observar uma outra mistura coloidal o fumo, partículas sólidas a flutuar no ar. Só nos falta uma possibilidade, a dispersão de sólidos em sólidos, já que as misturas de gases formam sempre soluções verdadeiras. Peter Borrows refere as pérolas de um colar, mas julgo que há outras possibilidades que também podemos encontrar à mesa: os vidros e plásticos pigmentados. Para além destas misturas binárias há aquelas que envolvem várias fases e estados físicos (as misturas coloidais complexas) nas quais podemos incluir quase tudo o que está na mesa e que não foi ainda referido: o fiambre, o presunto, os bolos mais vistosos e os pratos culinários mais complexos. Para o grupo das soluções verdadeiras sobra o vinho, o chá, o café nas condições já referidas, os refrigerantes sem partículas em suspensão, e, claro, a água da torneira ou engarrafada que apresentam naturalmente (e ainda bem) sais dissolvidos.
Bom apetite!
Referência
P. Burrows Education in Chemistry, July 2009.
[Versão de 6 de Julho de 2010]
Etiquetas:
colóides
(PQ-CC) Química da ginjinha e do moscatel
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A chegar à Sé-Velha, vindos da baixa, passamos por um letreiro sugestivo com indicação de ginjinha e moscatel. Tratam-se de duas bebidas alcoólicas com percentagens em volume de álcool de 17-20%, sendo a ginjinha um licor enquanto o moscatel é um vinho licoroso.
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O vinho licoroso moscatel é obtido a partir de uvas com uma percentagem elevada de castas moscatel. Na fase inicial da fermentação das uvas, adiciona-se aguardente vínica, geralmente a 77%, na quantidade necessária para que o grau alcoólico do vinho fique cerca de 18%. Posteriormente passa-se para a fase de maceração que pode atingir os seis meses.
Para saber mais:
Maria Luísa Alarcão-e-Silva e Alberto de Alarcão, Características fisico-quimicas e utilizações agro-alimentares da cereja e da ginja
António Ramos, Ginja de Óbidos e Alcobaça. Um produto tradicional a defender e preservar
Infovini, Moscatel de Setúbal
[versão preliminar de 30 de Setembro de 2010; com alterações de 6 de Outubro de 2010]
(PQ-CC) Ruas evocativas de químicos e cientistas que cultivaram a química
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A porta Sul do Jardim Botânico dá para a Rua Vandelli que contorna o Jardim Escola João de Deus, o Hospital Militar e a Seminário. Domingos Vandelli (1739-1816) é o professor de química e história natural já referido noutra paragem; a placa é quase invisível.
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Muito interessante é a Rua Costa Simões que liga a rotunda dos HUC à circular interna, em frente ao IBILI e Faculdades de Medicina e Farmácia. Na placa é referido que António Augusto Costa Simões (1819-1903) foi presidente da câmara de Coimbra. De facto foi-o durante dois anos, nos quais estudou e iniciou o abastecimento de água canalizada para a cidade. Mas foi também professor de medicina, investigador, director do hospital e fundador das escolas de enfermagem, entre outras coisas. No que concerne à química foi um divulgador e pioneiro na utilização da química forense, tendo publicado em 1855 sete artigos sobre química legal na revista O Instituto de que foram, numa publicação recente [1], denominados de forma sugestiva como CSI-Coimbra, 1855.
José Bonifácio de Andrade e Silva (1763-1838) dá nome à avenida nova que contorna o centro comercial Forum. Andrade e Silva foi professor de Metalurgia e teve alguma actividade científica na área da química paralela à sua actividade política.
Há também uma rua que evoca o Professor de Química e Reitor da Universidade de Coimbra, António Jorge Andrade de Gouveia (1905-2002).
Haverá mais ruas com nomes de químicos em Coimbra?
Referências
[1] A.J. Leonardo, D.R. Martins e C. Fiolhais António Costa Simões e a génese da química forense em Portugal, Revista da Sociedade Brasileira de História da Ciência 2, 192-205 (2009).
[versão de 28 de Maio de 2010; última alteração de 23 de Março de 2011]
(PQ-CC) Plantas perigosas que podemos encontrar na cidade
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[1] artigo da Wikipedia sobre a coniína. Alcalóides são espécies químicas que ocorrem naturalmente nas plantas e que contêm átomos de azoto que lhes dão um comportamento básico (alcalino). A coniína, a nicotina e a cafeína são alcalóides.
[2] K. Uwai et al. J. Med. Chem. 43, 2000, 4508-4515; artigo da Wikipedia sobre a oenotoxina.A oenotoxina não é um alcalóide pois não tem átomos de azoto.
[3] J. Volmer e J. Rosenson J. Chem. Educ. 81, 2004, 1450; artigos da Wikipedia sobre a hiperforina e a hipericina.
[versão de 27 de Abril de 2010. Última alteração de 27 de Maio de 2010]
(PQ-CC) Química na piscina
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Mas por que razão é necessária a química numa piscina? Antes de mais, deve notar-se que a água, mesmo em condições naturais, está sempre envolvida em reacções e equilíbrios químicos. No caso das piscinas, como a água não pode estar sempre a ser mudada, além de que é usada por muita gente, é necessário impedir a contaminação por microorganismos. É para isso que serve o cloro e outros tratamentos químicos; e conhecer a química envolvida contribui para minimizar os riscos envolvidos. Aqui, sentados à beira da piscina, iremos falar um pouco dessa química...
Referência
Ben Selinger, Chemistry in the marketplace, 4th ed, Harcourt, 1989.
[versão preliminar de 6 de Junho de 2010]
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