Passeio Químico pela Casa de Egas Moniz e suas imediações

[Estive numas provas de doutoramento onde me chamaram a atenção para que em 2024 faz 150 anos de que António Egas Moniz (1874-1955) nasceu e 75 anos de que recebeu o Prémio Nobel da Fisiologia ou Medicina. Visitei, em Avanca, Estarreja, a Casa-Museu com o seu nome, nos fins da pandemia de Covid-19 e tirei várias fotografias. Como se pode ver ainda se usava máscara nos espaços públicos.]

Trata-se de uma casa bonita e muito elegante, com um grande jardim, dois andares e torreões. A "Casa do "Marinheiro", como foi chamada, era inicialmente relativamente modesta, mas adquiriu aquele aspecto imponente com o desenho do arquiteto Ernest Korrodi,  refere João Lobo Antunes, na biografia de Egas Moniz. A quinta é muito grande, e, citando de novo João Lobo Antunes, Moniz, com três sócios, criou nesta uma vacaria modelo. Na cozinha, por onde entramos, encontramos uma interessante imagem do que era uma casa burguesa rica tradicional. Estas não poderiam funcionar bem na ausência de vários empregados que faziam várias atividades: ir às compras, cozinhar, limpar e organizavam as coisas, em geral antecipando-se aos patrões que apenas davam ordens muito gerais. Na biografia de João Lobo Antunes, são referidos um feitor, três criados, uma cozinheira e um criado de mesa. Era um tempo em que todos os alimentos eram confecionados em casa, as conservas eram feitas em casa e os compostos conservantes eram comprados nas farmácias ou nas drogarias. 

O frigorífico, o microondas, ou a “Bimby” não existiam. O aço inoxidável não era usado, por ser muito caro o seu fabrico, sendo os talheres e as panelas de outros materiais. O lume era feito a lenha. O gás só se generalizou no século XX. Também eram raros - apareceram no século XX, mas só se generalizaram nos anos 1960 - os utensílios de plástico, e, só nas ultimas décadas se tornou comum o uso de utensílios de silicone. Muito se poderia falar das evoluções químicas relacionadas com a cozinha que podemos notar “brilharem pela ausência” numa cozinha tradicional, mas eu não entrei na Casa-Museu de Egas Moniz para falar muito disso.

Ainda no rés-do-chão, observamos vários dos documentos e condecorações relativos à vida de Egas Moniz. Depois subindo um andar, encontramos muitas das obras de arte que possuía. As pessoas têm em geral gostos bastante diferentes, e uma Casa-Museu acaba por satisfazer vários desses gostos. A mim as obras de arte interessam-me bastante e as mobílias e as loiças muito menos. Mas aqui o que queria mesmo ver estava relacionado com a psicocirurgia pela qual Egas Moniz recebeu o Premio Nobel da Fisiologia ou Medicina, em 1949. Há uma sala sobre isso e passei algum tempo a ver com atenção. (Mais pormenores sobre a a casa podem ser lidos na biografia escrita por João Lobo Antunes).

Por vezes ouve-se e lê-se que deveriam tirar o Premio Nobel a Egas Moniz - há até um movimento nesse sentido, se não me engano -,  pois a leucotomia é uma “prática bárbara.” Mas, se pensarmos bem, não faz sentido. Primeiro, devemos olhar para as coisas à luz do seu tempo e das suas circunstâncias. Segundo, há que distinguir a leucotomia pré-frontal (praticada por Egas Moniz) da lobotomia. São duas práticas médicas com resultados aparentemenete similares, mas bastante diferentes. A primeira envolvia um procedimento médico mais elaborado em termos cirúrgicos e o segunda foi popularizada por Walter J. Freeman (1895-1972) que chegou a fazê-la quase sem preparação através do globo ocular. 

Numa pesquisas que fiz há uns anos no Web of Science verifiquei que na literatura científica são poucos os artigos que referem as duas palavras em conjunto, sendo uns sobre a leucotomia e os outros sobre a leucotomia. Terceiro, e muito importante, nos anos 1930 não havia tratamentos medicamentosos eficazes para as doenças mentais. Isso só virá a surgir nos anos 1950 com a clorpromazina. A leucotomia parecia às pessoas daquele tempo uma opção boa para resolver problemas mentais que não tinham solução. Duas pessoas relevantes que  foram a mulher de Marcelo Caetano, já ele primeiro ministro, e Raul Proença, editor do Guia de Portugal e autor de muitos textos. Se em relação à primeira, vi poucas notícias, em relação ao segundo caso, li que Proença, amigo de Moniz, não achou grandes melhorias com o procedimento. Freeman tinha uma fé inabalável na técnica, mas outros eram céticos, como o médico Sobral Cid (1877-1941).

Egas Moniz foi também o autor da técnica de angiografia cerebral, que permitia a marcação dos vasos sanguíneos do cérebro. Há teorias de que fazia mais sentido ter-lhe dado o Premio Nobel por isso, e de facto foi proposto várias vezes por isso. Talvez fizesse sentido, mas as primeiras angiografias também “eram bárbaras.” Um dos agentes de contraste usados no início era o óxido de tório, ThO2, bastante tempo usado como agente de contraste em vários tipos de radiografias. Ora, este metal é radioativo, e não sabemos quantos casos de cancro a mais acabou por causar.

Em conclusão, há que analisar as coisas à luz do seu tempo. Hoje temos comissões de ética e consentimento informado, os investigadores estão muito mais alerta para as consequências dos seus atos, o público tem muito mais sensibilidade, etc., mas isso não existia, ou era menos importante, no tempo de Egas Moniz. Será anacrónico ver o passado com os olhos de hoje. Egas Moniz morreu em 1955, no mesmo ano de Einstein, e, por exemplo, a estrutura do DNA tinha acabado de ser descoberta e publicada em 1953 por Watson e Crick e o Homem ainda não tinha ido à Lua.

E porque passei tanto tempo a falar de práticas médicas, quando disse que ia falar de Química? Se pensarmos um pouco vemos como a Química e fundamental para o sucesso destas. A possibilidade de realizar operações cirúrgicas mais complexas envolve assepsia, anestesia, antibióticos e vários outros medicamentos desenvolvidos pela Química. E podíamos continuar por este caminho que é bastante óbvio, embora nem sempre seja reconhecido.  

Egas Moniz sofria de gota desde muito novo e ficou com as mãos deformadas, como podemos ver facilmente com base nas suas fotografias em que estas aparecem. Deveria ter bastantes dores e estava na prática impossibilitado de realizar cirurgias. Outra pessoa que ganhou o Premio Nobel, neste caso da Química, e que também tinha as mãos deformadas foi Dorothy Crowfoot Hodgkin. Hoje em dia há medicamentos para estas doenças que não havia no tempo de Moniz nem de Dorothy. Moniz, usava também um capachinho na cabeça, como também é visível nas fotos. E sobreviveu ao atentado a tiro realizado por um doente.

Era um escritor prolífero. Escreveu sobre coisas tão diversas como Arte e Literatura, em particular sobre José Malhoa e Júlio Dinis, e sobre a história das cartas de jogar, entre muitas outras coisas. Faz eco de muitos preconceitos na sua obra “A vida sexual” que só se podia comprar, disseram-me, com receita médica! 

Muitas vezes era demasiado confiante, como quando fez o diagnóstico de Mário de Sá Carneiro com base num poema que este publicou. Ou era demasiado do seu tempo, quando vai ser um dos médicos que corrobora o diagnóstico infame de “loucura lúcida” a Maria Adelaide Cunha que “fugiu” com o seu motorista, abandonando o marido que a fez internar, com a conivência de Moniz, Sobral Cid e Júlio de Matos, e lhe ficou com o “Diário de Notícias”.   

Perto da casa de Egas Museu fica uma instalação da Nestlé, e, na rotunda perto desta há uma homenagem à fábrica de processamento de leite. Trata-se de um conjunto de depósitos e tubos em aço inoxidável, característicos e facilmente reconhecíveis, das unidades de processamento de leite. Poucos sabem, mas foi através da iniciativa de Egas Moniz que chegaram a Portugal as papas lácteas. Moniz, com vários sócios, começou com uma fábrica de laticínios que mais tarde foi vendida a esta marca.  Mais uma vez, podemos achar que as farinhas lácteas não foram uma evolução em relação à amamentação natural, mas temos de ver as coisas à luz do seu tempo. Nessa altura, a amamentação natural era vista, nos meios cultos, como uma “coisa bárbara.” Quem podia tinha amas de leite e o uso de leite de animais não era seguro nem adequado. Estas papas vão permitir obter materiais estéreis e com composições adequadas. Hoje em dia podemos, se pudermos, passar sem elas, mas na altura foi um grande avanço.

Nunca é demais lembrar que, até perto dos anos 1960, era perigoso ser bebé, criança ou jovem (leia-se o livro de Annie Ernaux “Os anos”, por exemplo). A mortalidade infantil era muito alta, o que criou a falsa ideia de que a esperança de vida de todos era baixa. Não era assim: há nesta ideia uma falácia estatística. Para simplificar, pensemos que metade das crianças morria à nascença e todos os outros chegavam aos 100 anos, a média será de 50 anos para a esperança de vida. O maior aumento da esperança de vida foi conseguido com a diminuição da mortalidade infantil. E muitas crianças morriam de diarreias e doenças relacionadas com a alimentação e a higiene. Claro que o aumento da esperança de vida é hoje conseguida à conta de coisas mais subtis, mas mais do que aumento da esperança de vida, hoje em dia podemos falar de aumento da qualidade de vida (pelo menos no mundo ocidental) e para isso muito contribuiu a Química. 

Temos, entretanto, hoje, muitos outros desafios, como o do aumento do aquecimento global, mas não devemos esquecer que muitos problemas têm sido resolvidos e foi aumentada a sustentabilidade de muitas coisas.      

Bibliografia

João Lobo Antunes. Egas Moniz: uma biografia. Gradiva, 2010.

Sérgio P. J. Rodrigues. Química e Saúde Pública. Revista Multidisciplinar, 4 (2022). https://doi.org/10.23882/rmd.22087

Passeios químicos em Toledo


[Em dezembro de 2022 estive uns dias em Toledo, em Espanha. Escrevi na altura algumas notas, mas só agora estou a acabar o texto]

Toledo foi a capital do império espanhol até 1561, altura em que Filipe II mudou a sua corte para Madrid. Rodeada pelo rio Tejo tem muitas histórias para contar. Vou aqui concentrar-me essencialmente nas narrativas com ligação à química.

Atualmente, o seu principal artesanato é a produção de espadas e um tipo de arte manual conhecida como damascaria. Trata-se, neste último caso, de incrustação de materiais, como pedras preciosas e outros metais, em ouro. Este, embora seja um metal muito denso (um litro de ouro pesa mais de dezanove quilogramas) é muito maleável e, por isso, facilmente trabalhado. Uma localidade perto de Toledo, Oropesa, ficou com este nome, como o próprio nome indica, devido a ser um local onde pesavam o ouro. Por outro lado, no caso das espadas, a incorporação de carbono no ferro e os tratamentos térmicos, dão origem a gumes muito resistentes e cortantes. 

Há um pequeno “museu” do queijo machego na cidade, mas rapidamente notamos que é mais uma loja do que um museu. Em qualquer dos casos, visitei as suas salas e deu para perceber melhor o processo de produção deste queijo. Este é feito de leite de ovelhas de raça manchega com coalho e sujeito a um conjunto de regras bastantes estritas assim como a rotulagens diversas. O coalho é extraído dos estômagos dos cordeiros, onde há enzimas que agem sobre o leite, sendo também usado em muitos queijos em Portugal. Importantes para o resultado, é, na minha opinião, o corte da coalhada em pedaços muito pequenos e a prensagem para retirar o soro que dá ao queijo um aspeto homogéneo e compacto. 

Os moldes devem ter textura em zig-zag para imitar o antigo cincho de esparto (pode ver-se numa das fotografias) que ainda é usado nas produções mais artesanais. Tanto quanto sei, não há nenhum queijo em Portugal que tenha usado estes cinchos. O leite inteiro pode ter teores de gordura da ordem dos 3%, mas o queijo vai ter teores de mais de 50%. Curiosamente, vai assim ter muito maior teor de proteína pois estas estão associadas à gordura (esta envolve as proteínas). Então e a manteiga? Neste caso não se coalha o leite e portanto não são precipitadas as proteínas que estão envolvidas pelas gorduras, mas vai-se extraindo as gorduras que estão à superfície (as gorduras têm menor densidade), sem que nesse processo sejam arrastadas as proteínas. O leite usado pode ser cru ou pasteurizado. Se for leite cru, ou seja não pasteurizado, pode ser usada a designação de “artesanal”. E o que é pasteurizar? É aquecer a leite a cerca de 70ºC durante vários minutos, o que provoca, desta forma, a morte de uma boa parte das bactérias patogénicas (se estas estiverem presentes, o que  em geral não acontece, devido aos processos e higiene modernos).  

Para além de toda a história do local, há dois momentos que quero referir: as visitas de Marie Curie. Esta visitou pela primeira vez Toledo em 1919, na sequência do primeiro Congresso Nacional de Medicina Nuclear que se realizou em Madrid, tendo visitado a fábrica de armas de Toledo que esteve envolvida no esforço da Primeira Guerra Mundial e voltou depois, em 1931 e 1933, destas duas últimas vezes com a intervenção do médico, cientista e humanista Gregorio Marañón, Doutor Honoris de Causa pela Universidade de Coimbra. Numa foto que vi do primeiro congresso de medicina nucleal, esta está ao lado de Alexander Fleming, o que não deixa de ser curioso, dado a paixão dos espanhóis pelo médico e cientista, como já referi noutros passeios. E claro, em Toledo há também uma rua com o nome de Fleming. 

Outro momento que quero referir, este mais triste, foi o da Guerra Civil de Espanha. A cidade foi muito relevante durante esta guerra, sendo a nível simbólico muito importante para os nacionalistas de Francisco Franco. Talvez não seja assim por acaso que se situe aqui um dos maiores museus militares do país, situado no palácio, conhecido como Alcazar, que foi quase destruído durante a guerra e que domina toda a cidade. Quando lá estive, estava fechado. Havia no Alcazar uma exposição sobre os Lusíadas, mas não cheguei a ir lá.    

Outro aspeto muito interessante daqui é o facto de El Greco (1541-1614), nome pelo qual que ficou conhecido Domenikos Thetokopulos, ter vivido e trabalhado nesta cidade, tendo feito quadros que a representam, assim como realizado retratos de pessoas da época. Pode visitar-se um museu, que embora não tenha sido a sua sua casa - pensa-se que esta seria perto – reúne várias das suas obras. As obras de El Greco são facilmente identificáveis pelas formas esguias e distorcidas das pessoas e pelas cores intensas. Há uma procura de explicação com base no seu suposto estigmatismo, o que é conhecido em certos meios pela “falácia de El Grego”. De facto,  segundo esta corrente, mesmo que este tivesse um defeito de visão este repercutir-se-ia nas telas e molduras e, portanto, embora El Greco visse distorcido pintaria “corretamente”. Há também outras propostas de explicação que têm sido publicadas. Seja como for, El Greco é atualmente considerado percursor em muitos aspetos da arte moderna. 

Um aspeto que me chamou atenção nas pinturas de El Greco, foram as cores e os rostos. Muitos dos santos parecem ter todos a mesma cara! E é também curiosa a forma como El Greco usa as cores: para os motivos divinos usa cores brilhantes e intensas, mas para os motivos terrenos cores escuras. As suas cores são muito diversas como vou referir, mas há duas cores que são especialmente significativas: os vermelhos e os azuis. Tratam-se, segundo percebi, do uso de dois pigmentos naturais. Para o vermelho, a cochonilha, obtida de um inseto, e para o azul, o índigo, obtido de uma planta, que aqui na península era o pastel dos tintureiros. 

Muitos dos seus quadros foram sendo espalhados por vários locais. Chamou-me a atenção a enorme “Assunção da Virgem” que foi retirada do altar onde se encontrava cerca de 1830 e acabou por ir parar a Chicago, nos Estados Unidos. Agora podemos “apreciar” nesse altar uma cópia. Os restauros têm mostrado que as cores antigas (não só de El Greco) eram muito intensas, mas ao longo dos anos os vernizes foram amarelecendo e o pó e o fumo foram escurecendo os quadros. Operações de restauro e limpeza que retirem esses materiais devolvem uma riqueza de cores que muitas vezes nem suspeitávamos. Bastante impressionante é o “Enterro do Conde de Orgaz” que parecia ter sido pintado há muito pouco tempo. Vi depois que tinha sido restaurado. 

Num artigo que li que analisa o quadro “Batismo de Cristo” (1) nota-se desde logo o escurecimento dos brancos, mas todas as outras cores parecem quase inalteradas. A paleta do pintor tinha também pigmentos minerais, além dos orgânicos naturais já referidos. Tinha também alguns pigmentos sintéticos, mas de origem inorgânica. Os pigmentos usavam como base o vidro moído que lhes dava bastante brilho ou a resina. El Greco usava uma camada branca conhecida como imprimatura com várias combinações de vidro moído e branco de chumbo com gesso e um ligante (não percebi se era ovo ou óleo) que ajudava a fixar as cores e lhe dava profundidade e aumentava a saturação e a luminosidade. O branco de chumbo é um sal deste metal (2PbCO3.Pb(OH)2) que escurece por este formar sais negros de enxofre, originados pela presença de dióxido de enxofre na atmosfera. Os azuis são de índigo e lapis lazuli, os pretos de negro de carvão, os verdes de uma mistura de indígo, resinato de cobre (Cu(OH)2 com resina), e branco de chumbo, o vermelho é de cochonilha e o amarelo de chumbo-estanho (PbSn(1-x)SixO3). Há também umbra (Fe2O3 e MnO2), ocre amarelo (FeOOH) e realgar (As4S4 e As2S3). Independentemente de todos os aspetos técnicos, que acrescentam profundidade à análise, são muito belos os quadros.

Toledo é uma cidade muito antiga, em que as várias civilizações foram convivendo, nem sempre de forma harmoniosa. Podemos ver mesquitas e sinagogas que foram transformadas em igrejas, igrejas tão antigas que vão passado pelas várias civilizações que se fixaram aqui, ruas e edifícios muito antigos, ruas com numeração e nomes inusitados, etc. Chamou-me a atenção esta espécie de mania dos espanhóis em “prender” os seus santos, com grades que se fecham, ou estão fechadas.

Com toda esta riqueza cultural, os pratos típicos da cidade são também muito complexos, mas é especialmente conhecido o maçapão (do castelhano marzipan). Este doce de origem árabe tem como principais componentes a farinha de amêndoa, o açúcar e as claras de ovo que dão origem a uma pasta que pode ser moldada e permite fazer esculturas bastantes detalhadas.

(1) S. Daniilia, K. S. Andrikopoulos, S. Sotiropoulou, I. Karapanagiotis, Analytical study into El Greco’s baptism of Christ: clues to the genius of his palette, Appl. Phys. A 90, 565–575 (2008)