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Não tem havido, infelizmente, muitos mais prémios Nobel da Química para mulheres. Dorothy Crowfoot Hodgkin, que determinou as estruturas químicas da penicilina e insulina, recebeu este prémio em 1964 e Ada Yonath recebeu-o em 2009 por trabalhos sobre os ribossomas.
No passado remoto podemos encontrar mulheres ligadas à química. Maria a Judia, por exemplo, terá inventado o banho-maria. A francesa Marie Meurdrac, que publicou em 1666 “La Chymie charitable et facile, en faveur des dames,” é considerada a primeira autora química, mas há mulheres notáveis cujo nome não ficou impresso; Por exemplo, Marie Anne Paulze, mulher de Lavoisier, teve um papel importante nos trabalhos deste.
Em Portugal, em 1891, o analfabetismo feminino era cerca de 85%. Nesse ano, Domitilla Hormizinda Miranda de Carvalho é a primeira mulher a frequentar a universidade em Portugal, e, das primeiras cadeiras que faz, contam-se química inorgânica e orgânica. Irá formar-se em Matemática e Filosofia (Ciências), e, mais tarde, em Medicina. Em 1917, já com algumas mulheres na universidade, Maria Virgínia Pestana e Maria Teresa Basto inscrevem-se em ciências Físico-Químicas. Com duas colegas de Letras, fundam em 1920 a primeira república feminina nos Palácios Confusos. A Senhora Dona Virgínia, como era conhecida na cidade, foi professora do D. Maria até jubilar aos 75 anos, tendo falecido em Agosto de 2010 com 111 anos.
Um lugar especial é devido às mulheres com inventos na área da química. A patente da Universidade de Coimbra, desenvolvida no Departamento de Química por Mariette Pereira e colaboradores, sobre um fármaco para utilização em terapia fotodinâmica, que recebeu recentemente o prémio Inventa, é um exemplo actual. No passado podemos encontrar contribuições como a da nobre indiana que desenvolveu o método de extracção do perfume das rosas ainda hoje usado ou a de Mine Lefebvre que patenteou em 1859 um processo para produção artificial de nitratos a partir de azoto. Uma perfumaria, ou os azulejos antigos com publicidade aos “Nitratos do Chile” evocam recordações destas mulheres inventivas.
Actualmente, com um sistema de ensino generalizado e uma maior percentagem de mulheres, em relação aos homens, nas universidades, surgem novas questões sobre a participação da mulher na ciência. Lembrar o passado pode ajudar a compreender o presente e preparar um futuro melhor, também com a química.
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