[Enquanto não tenho tempo para completar os passeios químicos em Figueira de Castelo Rodrigo, Aveiro e no estrangeiro falo de uma coisa que vemos todos os dias mas quase não reparamos]
Está em todo o lado. Mas contas de supermercado, nos pagamentos, nos restaurantes e multibancos, por exemplo. Imagino que muitas contas já tenham ficado pretas quando borrifadas com álcool. Porque será? Nunca se perguntaram? Segundo averiguei o álcool não é reagente mas solvente, permitindo que os reagentes que que se juntavam com o calor se juntem também sem este.
A ideia surgiu nos anos sessenta e agora quase todos a utilizam. Há um matriz sólida de um corante que é activado por um ácido quando o papel é aquecido. Mas claro o desenvolvimento não fica por aqui. Queremos que o papel seja ainda mais seguro e foi eliminado o bisfenol A (BPA) há um ano na UE. Nunca estamos satisfeitos. Os cientistas as intutuições estudam todas as coisas e procuram alternativas. Queremos que o papel não desapareça com a luz solar e ao longo do tempo, queremos que o papel seja ainda mais seguro. Tudo isto são oportunidades. No papel, nos corantes, nos reagentes, nos protectores solares.
A próxima vez que pedir o número de contibuinte ou o talão pense nisso. Não tema a química e a ciência em geral. Pode vigiá-las, conhecê-las, discutí-las, ou admirá-las. Mas não as deve temer, não há razões para isso.
Passeio químico em Figueira de Castelo Rodrigo (I)
[O primeiro passeio químico em Figueira de Castelo Rodrigo foi proposto à Plataforma da Ciência Aberta no âmbito do congresso SciCom 2018 e teve o apoio de várias pessoas de que destaco a Ana Faustino, assim como de vários livros e guias. Começou atrasado, porque eu vinha de Coimbra e tinha uma aula, cheguei tarde. A ideia de juntar um grupo de alunos mais velhos da Academia Senior a uma turma do nono ano era arriscada, tanto mais que aquelas pessoas não me conheciam e tiveram de esperar por mim e, além disso, eu próprio não conhecia o lugar fisicamente (“viajei” via Google maps, a Ana enviou-me fotografias e respondeu a várias dúvidas). Eu tinha um conjunto de lugares pensados e trouxe vários objectos. A maioria dos alunos revelaram-se interveniente. Nomeei o aluno mais inquisitivo como assistente e comecei pelas rosas que estavam em frente à Câmara Municipal. Depois andámos e discutimos um pouco (os elementos da Academia foram também bastante intervenientes). No final algumas alunas ficaram a conversar, o que achei bastante simpático. Como cheguei tarde o passeio foi curto. Voltei mais tarde, a convite da Plataforma da Ciência Aberta e participei em várias actividades: passeio químico na Escola de Figueira, almoço com um grupo de alunos, conversa sobre o fabrico de cerveja num bar em Castelo Rodrigo e passeio multidisciplinar no dia seguinte. Das muitas actividades que tive ali surgiu este passeio químico que como disse teve a colaboração de várias pessoas.]
Os azulejos envolvem, como é sabido, bastante química. Os da entrada da Câmara Municipal da Câmara Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo merecem uma visita. Segundo a Ana Faustino se inteirou estes foram aplicados e pintados aquando da construção do edifício em 1892. Na praça onde está a Câmara poderemos ver outros azulejos (numa casa que estava em 2018 abandonada) que merecem também uma olhadela. Estes são da fábrica Aleluia de Aveiro. O estilo é inconfundível e estão assinados com o nome da fábrica. A fábrica foi criada em 1905 pela famíla Aleluia e tinha outro nome. Esta ainda existe e faz azulejos modernos. Tem uma página muito interessante, mas não esqueceu o passado. Voltarei a este assunto num passeio especificamente sobre os azulejos. Os azulejos são feitos essencialmente de caulino e são cozidos a altas temperaturas, perdendo de forma irreversível água e formando ligações permanentes que não existiam. Depois são pintados e levam um vidrado. Este útimo é de sílica e óxido bórico, além dos outros óxidos. De sódio, potássio, chumbo e alumínio, presentes também nos vidros. A cor azul cacterística é devida ao cobalto. Quando os iões de cobalto II estão num ambiente tetraédricos são azuis. Os mais claros são de aluminatos e mais escuros de silicatos. O amarelo é devido aos cromatos de chumbo. Isto na Câmara Municipal que só tem duas cores. Nos outros vamos encontrar mais cores em particular o verde e o lilás que poderá ser devidos a sais de crómio o primeiro e misturas de sais o segundo, mas só uma análise química permitirá verificar. No que concerne às actividades representadas, além das históricas e locais (Figueira de Castelo Rodrigo esteve do lado dos espanhóis e por isso foi castigada por D. João IV a exibir o brasão ao contrário, e Escalão esteve, corajosamente, do lado dos portugueses, mas isso fica para outras histórias), temos as artes agrícolas daqui: o cultivo das terras, o pastoreio e o azeite. Curiosamente não é referido o vinho que está agora muito presente, como já referi, em Castelo Rodrigo. Será que não tinha a mesma relevância no final do século dezanove? Sobre o vinho já falei e sobre as artes agrícolas, do cultivo e ceifa, da produção de azeite e pastorio falarei noutro passeio.
A cegonha é o ex-libris de Figueira de Castelo Rodrigo. Incialmente parecia-me uma cegonha de loiça ao estilo de de Bordalo Pinheiro, mas a Ana Faustino disse-me que o material da estátua seria cimento armado com ferro na estrutura. Disse-me ainda que esta cegonha era uma homenagem a uma cegonha que em tempos viveu em Figueira de Castelo Rodrigo, a cegonha Joana. Esta cegonha tinha uma asa partida e foi acolhida pelos bombeiros de Figueira. Segundo a Ana, a cegonha Joana ficou muito conhecida em Figueira porque andava pelas ruas a bater à porta das pessoas para pedir comida. O cimento armado é um material pouco usual e difícil de trabalhar para estátuas penso eu. Tem de ser armado com ferro porque o cimento é muito fluido. Não vi os pormenores como foi feita e pintada, mas achei notável o material. Provavlemente os tanque e amuradas são do mesmo material. O cimento é uma rocha especial que tem carbonato de cálcio e aluminato e que perde dióxido de carbono e água quando aquecido a temperaturas bastante altas. Fica um pó que misturado com água e areia vai enrigecer de forma definitiva mesmo em contacto com a água. O ferro pode ser usado para lhe dar estutura e reforço dentro dos moldes conhecidos como cofragens. Para fazer estátuas envolverá moldes detalhados ou a aplicação com menos água, acho eu. A rever no local ou noutros passeio... No parque temos também muros de xisto mas também já falei destes noutros locais.
As árvores do parque foram identificadas e têm histórias para contar, as quais foram já referidas noutros passeios ou, sendo novas, ficam em parte para outros passeios. Notámos várias tílias e cevadilhas, por exemplo, já referidas noutros passeios, mas aquela que nos chamou mais a atenção foi um grande ailanto (Ailanthus altissima) isolado no meio do parque Serpa Pinto. Trata-se legalmente de uma planta infestante. Crescem muito rapidamente e espalham-se se não forem controladas, mais do que as clássicas e conhecidas acácias. A Estrada da Beira, em 2018, estava cheio de ailantos, por exemplo. O controlo é até relativamente fácil, uma vez que é uma ávore com os sexos separados (diz-se que dióica) que pode ser controlada naturalmente controlando só as fêmeas, disse-me um botânico. O que me chamou a atenção é ser bastante tóxica. Tem um composto, a ailantona, que tem um LD50 (ou seja que mata em média 50%) de nove miligramas por kilograma, o qual está a ser estudado por aleloquímica como base de um insecticida ou herbicida natural, mas tem muitos efeitos secundários. Como já aqui referiri, as plantas comunicam com química e fazem guerra química umas às outras. Notem que tendo 0,01% na casca este composto só é venenoso para grandes quantidades de casca ou folhas.
No parque existe também pelo menos uma robínia (Robinia pseudoacacia). Trata-se de uma árvore muito bonita que tem os dois sexos, ou seja é hermafrodita, ou monoíca, e que é considerada também infestante. Segundo o sítio das infestantes, esta árvoresespalha-se mais por proliferação vegativa do que por polinização. Tal como as acácias, a robínia é difícil de eliminar porque cortar não chega, volta a rebentar. A solução para as acácias é cortar-lhes as cascas e deixá-las secar. Mas isso é assunto para outros passeio que envolve um material das acácias que se torna assim muito mais visível: a goma arábica é usado para colas e alimentos e eu, quando era pequeno, usava-a para colar cromos. Outro assunto a voltar.
O nome do Largo Serpa Pinto vem do explorador Alexandre de Serpa Pinto mas não foi encontrada, que eu saiba, uma ligação directa deste a Figueira. A “Fonte dos Pretos” poderia ser parte dessa ligação, pelo nome, mas não tenho a a certeza. Também é um ex-libris de Figueira de Castelo Rodrigo com várias estórias associadas. Neste momento a água não é potável (tem até um sinal disso) ou não é vigiada, mas em geral seria. É conhecida assim por as caras dos meninos que dão água serem escuras mas estes não têm feições africanas como o nome faria supor. As caras são negras devido a oxidação do ferro mas inicialmente seriam douradas penso eu. De facto, parecem ter uma cobertura fina de latão. O latão é uma liga de cobre e zinco e não se oxidaria mas o ferro oxida-se criando este efeito.
Os equipamentos do parque infantil merecem um olhar, nomeadamente pelo seu uso de plásticos, mas isso fica para outra vez, uma vez que o passeio já vai longo. Estes permitem um uso mais sustentável, maior flexibilidades e recurso a melhores cores e mais segurança. Coisas quue não seriam possíveis apenas com outros materiais como a madeira e os metais. Também o chão merece alguma atenção. Trata-se, penso eu, da reciclagem de outros plásticos e é muito flexível e seguro. Nas ruas laterais há uma antiga loja de eletrodomésticos (ainda com eletrodomésticos no interior) que pode ser usada para contar histórias. Tenho visto em vários sítios vidros antigos, mas achei interessante falar deles em Figueira de Castelo Rodrigo. O vidro antigo nota-se por ter irregularidades devido ao seu processo de produção o qual foi modificado nos anos 1950 com o já referi anteriormente. Tudo isto fica para outros passeios. Em Figueira de Castelo Rodrigo, em Escalhão, na reserva da Ribeira Brava, em Barca de Alva e outros locais.
Os azulejos envolvem, como é sabido, bastante química. Os da entrada da Câmara Municipal da Câmara Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo merecem uma visita. Segundo a Ana Faustino se inteirou estes foram aplicados e pintados aquando da construção do edifício em 1892. Na praça onde está a Câmara poderemos ver outros azulejos (numa casa que estava em 2018 abandonada) que merecem também uma olhadela. Estes são da fábrica Aleluia de Aveiro. O estilo é inconfundível e estão assinados com o nome da fábrica. A fábrica foi criada em 1905 pela famíla Aleluia e tinha outro nome. Esta ainda existe e faz azulejos modernos. Tem uma página muito interessante, mas não esqueceu o passado. Voltarei a este assunto num passeio especificamente sobre os azulejos. Os azulejos são feitos essencialmente de caulino e são cozidos a altas temperaturas, perdendo de forma irreversível água e formando ligações permanentes que não existiam. Depois são pintados e levam um vidrado. Este útimo é de sílica e óxido bórico, além dos outros óxidos. De sódio, potássio, chumbo e alumínio, presentes também nos vidros. A cor azul cacterística é devida ao cobalto. Quando os iões de cobalto II estão num ambiente tetraédricos são azuis. Os mais claros são de aluminatos e mais escuros de silicatos. O amarelo é devido aos cromatos de chumbo. Isto na Câmara Municipal que só tem duas cores. Nos outros vamos encontrar mais cores em particular o verde e o lilás que poderá ser devidos a sais de crómio o primeiro e misturas de sais o segundo, mas só uma análise química permitirá verificar. No que concerne às actividades representadas, além das históricas e locais (Figueira de Castelo Rodrigo esteve do lado dos espanhóis e por isso foi castigada por D. João IV a exibir o brasão ao contrário, e Escalão esteve, corajosamente, do lado dos portugueses, mas isso fica para outras histórias), temos as artes agrícolas daqui: o cultivo das terras, o pastoreio e o azeite. Curiosamente não é referido o vinho que está agora muito presente, como já referi, em Castelo Rodrigo. Será que não tinha a mesma relevância no final do século dezanove? Sobre o vinho já falei e sobre as artes agrícolas, do cultivo e ceifa, da produção de azeite e pastorio falarei noutro passeio.
A cegonha é o ex-libris de Figueira de Castelo Rodrigo. Incialmente parecia-me uma cegonha de loiça ao estilo de de Bordalo Pinheiro, mas a Ana Faustino disse-me que o material da estátua seria cimento armado com ferro na estrutura. Disse-me ainda que esta cegonha era uma homenagem a uma cegonha que em tempos viveu em Figueira de Castelo Rodrigo, a cegonha Joana. Esta cegonha tinha uma asa partida e foi acolhida pelos bombeiros de Figueira. Segundo a Ana, a cegonha Joana ficou muito conhecida em Figueira porque andava pelas ruas a bater à porta das pessoas para pedir comida. O cimento armado é um material pouco usual e difícil de trabalhar para estátuas penso eu. Tem de ser armado com ferro porque o cimento é muito fluido. Não vi os pormenores como foi feita e pintada, mas achei notável o material. Provavlemente os tanque e amuradas são do mesmo material. O cimento é uma rocha especial que tem carbonato de cálcio e aluminato e que perde dióxido de carbono e água quando aquecido a temperaturas bastante altas. Fica um pó que misturado com água e areia vai enrigecer de forma definitiva mesmo em contacto com a água. O ferro pode ser usado para lhe dar estutura e reforço dentro dos moldes conhecidos como cofragens. Para fazer estátuas envolverá moldes detalhados ou a aplicação com menos água, acho eu. A rever no local ou noutros passeio... No parque temos também muros de xisto mas também já falei destes noutros locais.
As árvores do parque foram identificadas e têm histórias para contar, as quais foram já referidas noutros passeios ou, sendo novas, ficam em parte para outros passeios. Notámos várias tílias e cevadilhas, por exemplo, já referidas noutros passeios, mas aquela que nos chamou mais a atenção foi um grande ailanto (Ailanthus altissima) isolado no meio do parque Serpa Pinto. Trata-se legalmente de uma planta infestante. Crescem muito rapidamente e espalham-se se não forem controladas, mais do que as clássicas e conhecidas acácias. A Estrada da Beira, em 2018, estava cheio de ailantos, por exemplo. O controlo é até relativamente fácil, uma vez que é uma ávore com os sexos separados (diz-se que dióica) que pode ser controlada naturalmente controlando só as fêmeas, disse-me um botânico. O que me chamou a atenção é ser bastante tóxica. Tem um composto, a ailantona, que tem um LD50 (ou seja que mata em média 50%) de nove miligramas por kilograma, o qual está a ser estudado por aleloquímica como base de um insecticida ou herbicida natural, mas tem muitos efeitos secundários. Como já aqui referiri, as plantas comunicam com química e fazem guerra química umas às outras. Notem que tendo 0,01% na casca este composto só é venenoso para grandes quantidades de casca ou folhas.
No parque existe também pelo menos uma robínia (Robinia pseudoacacia). Trata-se de uma árvore muito bonita que tem os dois sexos, ou seja é hermafrodita, ou monoíca, e que é considerada também infestante. Segundo o sítio das infestantes, esta árvoresespalha-se mais por proliferação vegativa do que por polinização. Tal como as acácias, a robínia é difícil de eliminar porque cortar não chega, volta a rebentar. A solução para as acácias é cortar-lhes as cascas e deixá-las secar. Mas isso é assunto para outros passeio que envolve um material das acácias que se torna assim muito mais visível: a goma arábica é usado para colas e alimentos e eu, quando era pequeno, usava-a para colar cromos. Outro assunto a voltar.
O nome do Largo Serpa Pinto vem do explorador Alexandre de Serpa Pinto mas não foi encontrada, que eu saiba, uma ligação directa deste a Figueira. A “Fonte dos Pretos” poderia ser parte dessa ligação, pelo nome, mas não tenho a a certeza. Também é um ex-libris de Figueira de Castelo Rodrigo com várias estórias associadas. Neste momento a água não é potável (tem até um sinal disso) ou não é vigiada, mas em geral seria. É conhecida assim por as caras dos meninos que dão água serem escuras mas estes não têm feições africanas como o nome faria supor. As caras são negras devido a oxidação do ferro mas inicialmente seriam douradas penso eu. De facto, parecem ter uma cobertura fina de latão. O latão é uma liga de cobre e zinco e não se oxidaria mas o ferro oxida-se criando este efeito.
Os equipamentos do parque infantil merecem um olhar, nomeadamente pelo seu uso de plásticos, mas isso fica para outra vez, uma vez que o passeio já vai longo. Estes permitem um uso mais sustentável, maior flexibilidades e recurso a melhores cores e mais segurança. Coisas quue não seriam possíveis apenas com outros materiais como a madeira e os metais. Também o chão merece alguma atenção. Trata-se, penso eu, da reciclagem de outros plásticos e é muito flexível e seguro. Nas ruas laterais há uma antiga loja de eletrodomésticos (ainda com eletrodomésticos no interior) que pode ser usada para contar histórias. Tenho visto em vários sítios vidros antigos, mas achei interessante falar deles em Figueira de Castelo Rodrigo. O vidro antigo nota-se por ter irregularidades devido ao seu processo de produção o qual foi modificado nos anos 1950 com o já referi anteriormente. Tudo isto fica para outros passeios. Em Figueira de Castelo Rodrigo, em Escalhão, na reserva da Ribeira Brava, em Barca de Alva e outros locais.
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