Passeio químico em Valência [Chemical Walk in Valencia]

[Aproveitando que participei presencialmente num congresso em Valência tirei alguma fotos e procurei fazer um texto sobre o que tinha visto. Foi a primeira vez que estive em Valência. Voltei em 2024 e melhorei algumas coisas no texto, que estendi.] 

Estava muito calor em Valência. Alguns valencianos disseram-me que estavam habituados, mas não tão cedo. Seja lá como for, mesmo nos locais onde não havia ar condicionado (que aliás deveria ser evitado, pois o que arrefece é só uma parte do que aumenta de temperatura noutro lado), as sombras, as árvores e o vento nas ruas e os corredores bem desenhados melhoravam a situação. Em Valência foi mudado o curso do rio Turia do centro da cidade para o lado sul da cidade para um canal conhecido como “coletor sul.” No seu lugar fizeram parques e campos de desporto, onde logo bem cedo os valencianos se “matam”a correr e a pedalar. E há linhas de metro, e de metro de superfície, bem organizadas onde se pode chegar a todos os lados.
O meu primeiro interesse, depois da universidade, foi ver o passeio marítimo. Em Valência, as duas maiores universidades (Universidade de Valência e Universidade Politécnica de Valência) têm os cumpus na mesma rua, o que dá uma imagem de tamanho impressionante. A quantidade de edifícios bonitos, de jardins onde os estudantes estão  e obras de arte é enorme. Há muitas coisas para ver, mas chamou-me a atenção a corrosão numa escultura e uma antigo locomotiva. A corrosão é mais ou menos óbvia, mas a locomotiva leva-nos a outras reflexões. Era movida a vapor e os motores a vapor eram pouco eficientes, e o combustível usado, o carvão, era muito poluente. Eram verdadeiros infernos de nuvens pretas de carvão mal queimado e brancas de gotículas de água (impropriamente chamadas “vapor”) que agora nos causa alguma nostalgia, mas não queríamos voltar a ter isto.       

À saída da edifício do congresso e por todos os pisos exteriores do campus havia muitas pastilhas elásticas. Umas já escuras, outras ainda brancas. Já escrevi sobre estes materiais noutros passeios, mas aqui queria chamar a atenção para uma coisa particular. Referi as pastilhas elásticas a alguns colegas e estes nunca tinham reparado. Não vemos uma boa parte do mundo que nos rodeia!

Havia um outro senão, além do calor, o mau cheiro ocasional. Por vezes cheirava a esgoto, mas não consegui perceber se era mesmo dos esgotos ou do canal que conduz o rio para o mar e a rede de coletores pluviais (isso na altura pareceu-me mais provável). Na sequência de várias cheias, foi decidido pelo governo franquista fazer uma obra faraónica que desviava o rio. Essa obra começou nos anos 1960 mas só acabou nos anos 1970. No final, os valencianos deixaram de ter um rio e passaram a ter um jardim no seu lugar.  

Por acaso encontrei um “balneário” e a princípio cheirou-me a cloro, o que achei estranho. Mas faz sentido pois lá dentro teriam piscinas (sobre as quais acho que também já escrevi) e outros equipamentos que é necessário tratar com cloro. Porquê? Porque as áreas húmidas paradas são muita propícias a ter bactérias e o cloro é dos poucos materiais que mantém essa desinfeção ao longo do tempo na rede de água. 

Há uma região da cidade desenhada por Santiago Calatrava (natural de Valência) e Félix Candela, e a suas equipas, que é impressionante: a cidade das artes e das ciências. Fui ao Museu da Ciência e ao jardim das plantas, mas fica lá o oceanário e muitas outras coisas que não vi. Chamou-se a atenção no meio do jardim, uma escultura sobre a memória das vítimas de Covid-19.

Achei curiosa a associação ao alecrim, que desde tempos imemoriais está ligada à memória, Imagino que a escultora tenha considerado isso também. Os estudos que conheço parecem mostrar que esta correlação é efetiva, havendo na composição do alecrim moléculas que são benéficas para a memória. Esta planta estava em todos os canteiros interiores e nos canteiros exteriores. À primeira vista nem parecia alecrim, mas o cheiro era inconfundível. Outro cheiro que detetei era os da tílias que com o calor estavam cobertas de óleos priduzidos pela planta para minimizar a perda de água. 

Os edifícios de Santiago Calatrava e Félix Candela são prodígios de engenharia. Mas não basta desenhar, é preciso que haja engenheiros a tornar possível os edifícios. 

Nesta parte da cidade encontrei também um eucalipto que cheira a limão. Em Coimbra temos vários. Trata-se, como já escrevi, de uma molécula que é isómera do eucaliptol e é muito usada em detergentes da loiça.  

Na quinta-feira em que estive em Valência era o Corpo de Deus. Li que tinha sido uma das festas com tradição em Valência e que havia procissões e outras atividades. A verdade, é que nem sequer era feriado como em Portugal, e embora tenha passado por uma missa e reparado num andor, notei muito poucas poucas coisas.  [atualização: as festividades são realizadas no domingo seguinte].

Fui também ao museu do arroz. Está bem feito e é muito informativo, numa antiga fábrica de processamento de arroz. O arroz de Valência e a paelha, como se sabe, são famosos no mundo inteiro. Duas curiosidades: “paelha” em linguagem daqui significa frigideira e faz sentido. Em Portugal, “paelha”, é conhecida como “arroz à valenciana”. Outra curiosidade, relacionada com isto. Embora a paelha envolva alguns clichés e seja uma coisa muito variada, cuja imagem principal é a de arroz cozido com açafrão frito numa frigideira, não leva tradicionalmente mariscos.

A “paelha valenciana” tradicional tem uma receita sujeita a denominação de origem. Não inclui mariscos e é feita com arroz, galinha, coelho e umas espécies de feijão verde conhecidas como ferraura, garrafón e tavella. Leva além disso tomate, azeite, paprika moída, fios de açafrão, alecrim e claro, água. É curioso o uso do alecrim, mas já vimos que é muito comum por estas paragens. Um aspeto sobre o arroz que é interessante referir, acho eu. Trata-se essencialmente de amido que, com o aquecimento, absorve água e aumenta de volume, ficando mole. Não tem proteínas que desnaturam com o aquecimento e não tem glúten (uma proteína caraterística do trigo). Tem também falta de vitaminas, em particular de algumas do complexo B. Há algum tempo foi proposto um arroz transgénico que tinha essas vitaminas mais houve uma resistência irracional à sua produção.   

Ao lado era o museu das festividades da Semana Santa de Valência. É impressionante o que há de confrarias, andores e roupas. Vem a propósito referir esta espécie de loucura espanhola com as grades metálicas. Por todo o lado se vêm grades dos mais variados materiais, mas em particular de ferro. Faz sentido, para que o vento passe de um lado para o outro ter portas que são grades, mas algumas parecem verdadeiras prisões. Li algures que os espanhóis "são o único povo que prende os próprios santos." Isto levava-nos muito longe, mas o objetivo é outro. 

Outra coisa que achei muito interessante foi a aparente relação com a Carlsberg e a Dinamarca. Não era só o anúncio da cerveja “de um país feliz” (que fotografei); era mais do que isso: uma chaminé. A chaminé torcida de uma antiga fábrica de papel, datada de 1905, e muito parecida com a chaminé torcida de uma antiga fábrica desta cerveja em Copenhaga que um dono da altura associou à “beleza da ciência.”    

No museu da seda podemos acompanhar o desenvolvimento de uma atividade que teve muita importância em Valência. De destacar que as proteínas constituintes da seda são muito parecidas com as da lã, mas o tecido é muito diferente. Numa parte do museu, são apresentados os corantes naturais que eram usados para tingir a seda. Cochonilha para o carmim, curcuma ou açafrão para o amarelo, índigo para o azul e as galhas de carvalho e as cascas de noz, para o negro; para o púrpura era usado um liquén, a orchilla de Lanzarote /Roccella canariensis) ou um caracol marinho. 

Em muitas ruas da cidade podemos encontrar amoreiras. Os bichos da seda só gostam das suas folhas. Sabemos que é uma molécula presente nas folhas que faz as lagartas dirigirem-se para elas. Uma boa memória do negócio da seda.

Há muitas coisas, em particular relacionadas com química, que vi em Valência. Disse em 2022 que tinha de lá voltar. Voltei em 2024 e escrevi o texto que se segue.

Não tive muito tempo para ver a cidade, mas pude ir aos seus arredores. Quando cheguei a Valência, fui à reserva natural de Albufera. Passei pelo canal sul, para onde foi desviado o curso do Rio Turia, que não era nada do que esperava. Era um canal bastante largo, estava seco e cheio de plantas. Por todo o lado se sentia o mesmo cheiro que notei em 2022, mas vejo agora que pode ser de outras coisas. Havia muitas plantações de laranjeiras e vi varias pessoas a aplicar-lhe tratamentos fitoquímicos, além de ter visto muitos campos de arroz. Fotografei uma ave num campo de arroz, atrás da qual estava um agricultor e atrás de tudo estavam os guindastes de um porto.

A Sophia de Mello Breyner Adresson tem um poema, O Rei de Ítaca, em que diz que o mundo está muito errado por a mão estar desligada do pensamento e já não saber construir e guiar um arado. Ora, já não seria mau se as pessoas soubessem de onde vem a sua comida, nomeadamente o arroz e as laranjas. Muitas veem a ave, mas não os campos de arroz, as laranjeiras, o agricultor e os guindastes do porto.

No ultimo dia fui para norte, a Sagunto. Tinha como objetivo principal ver o "alto forno número dois", uma instalação industrial musealizada, mas acabei por ver mais coisas, nomeadamente a grande fábrica de vidro plano da AGC. Segundo vi na sua página, esta empresa tem cem instalações, trabalhando nestas 13 mil pessoas, produzindo uma grande variedade de vidros para construção e para automóveis. Mais uma vez, quantos de nós apreciam as camadas múltiplas dos vidros planos e laminados dos automóveis? 

Os altos fornos permitem obter ferro gusa (em inglês “pig iron” devido às suas impurezas que contém). O ferro gusa é obtidos dos minérios de ferro pela reação com carvão segundo as reações, Fe2O3 + 3C → 2Fe + 3CO e Fe2O3+3CO→ 2Fe+3CO2, sendo que é libertado para a atmosfera cerca de metade de cada um dos gases. O processo é muito mais complexo pois durante a sua ocorrência o  metal incorpora carbono e devido às impurezas há muitas outras reações. Posteriormente, o ferro gusa é convertido em aço por diversos processos. O primeiro e que permitiu obter aço em grande quantidade foi o processo de Bessemer em que era usado ar para oxidar o carbono e as impurezas. Depois, o processo de Siemens-Martin veio complementar o processo de Bessemer. Eventualmente, ambos se tornaram obsoletos, sendo agora a maioria do aço obtido pelo processo básico de oxigenação. Neste é bombeado oxigénio no ferro líquido como nos anteriores, mas isto é acompanhado de um fluxo óxido de cálcio e rochas calcárias as quais são naturalmente básicas. Este tipo de indústrias pesadas tem deixado de ser rentável na Europa e de envolver a grande quantidade de trabalhadores que tinha no início.

A China é o maior produtor de aço, com mais de mil milhões de toneladas, seguido da Índia com pouco mais de cem milhões de toneladas (World of Steel, 2024). Espanha produz pouco mais de dez milhões de toneladas e Portugal dois milhões de toneladas (World of Steel, 2024).

A emissão de dióxido de carbono e gases responsáveis pelo aumento do efeito de estuda, ronda os 11% do total das emissões humanas. Por isso, as grandes companhias procuram minimizar essas emissões investigando formas de aquecimento que evite a emissão destes gases e o uso como agente redutor do hidrogénio, que de forma simplificada penso que pode ser traduzido pela reação, Fe2O3 + 6H2 → 2Fe + 3H2O.

Não tive tempo para comer paella, mas provei orchata, uma bebida doce e não alcoólica feita a partir de uma planta local.  

[verified automatic translation]

[Taking advantage of the fact that I participated in person in a congress in Valencia, I took some photos and tried to write a text about what I had seen. It was the first time I was in Valencia. I went back in 2024 and improved a few things in the text, which I extended.]

It was very hot in Valencia. Some inhabitants of Valencia told me they were used to it, but not so soon. Anyway, even in places where there was no air conditioning (which, by the way, should be avoided, as what cools down is just a part of what increases in temperature elsewhere), shadows, trees, and wind in the well-designed streets and corridors improved the situation. In Valencia, the river course of Turia was changed from the city center to the south side of the city to a canal known as the “southern collector.” In their place, they built parks and sports fields, where  the inhabitants of Valencia run and cycle very early in the morning. And there are well-organized metro ,and surface metro, lines to go everywhere in the city.

My first interest, after the university, was to see the promenade near the sea. In Valencia, the two largest universities (Universidad de Valencia and Universidad Politécnica de Valencia) have their campus on the same street, which gives an image of impressive size. The number of beautiful buildings, and gardens where students are, and works of art are enormous. There are many things to see, but the corrosion on a sculpture and an old locomotive caught my attention. Corrosion is more or less obvious, but the locomotive leads us to other reflections. Steam power and steam engines are inefficient and the fuel used, coal, was very polluting. They were a true hell of black clouds of badly burned coal and white water droplets (improperly called “steam”) that now causes us some nostalgia but we didn't want to have it again.

In the exit from the congress building and all over the campus' exterior floors were lots of chewing gum. Some are already dark, others still white. I've written about these materials in other tours, but here I wanted to draw attention to one thing. I called the attention of some colleagues to the chewing gums and they never noticed. We don't see a good part of the world around us!

There was one other catch, besides the heat, the occasional stench. Sometimes it smelled like sewage, but I couldn't tell if it was really from the sewers or the channel that leads the river to the sea and the network of rainwater collectors (this seemed more likely to me at the time). Following several floods, it was decided by the Francoist government to carry out a pharaonic work that diverted the river. This work began in the 1960s but only ended in the 1970s. In the end, the Valencians stopped having a river and started having a garden instead.


By chance, I found a “balneario” and at first, I smelled chlorine which I found strange. But it makes sense because inside there would be swimming pools and other equipment that needs to be treated with chlorine. Reason? Because stagnant wet areas are very prone to bacteria.

There is a region of the city designed by Santiago Calatrava (born in Valencia) and Félix Candela, and their teams, which is impressive: the city of arts and sciences. I went to the Science Museum and the plant garden, but the oceanarium and many other things are there. Attention was drawn to the middle of the garden, a sculpture on the memory of the victims of Covid-19. I found the association with rosemary to be very curious, which has been linked to memory since time immemorial, I imagine that the sculptor considered this as well. The studies that I know of seem to show that this correlation is effective, with molecules in its composition that are beneficial for memory. This plant was in all the indoor and outdoor beds. At first glance, it didn't even look like rosemary, but the smell was unmistakable. Another smell I detected was that of linden.

The buildings by Santiago Calatrava and Félix Candela are engineering marvels. But it is not enough to design, there must be engineers to make buildings possible.

In this part of town, I found a eucalyptus tree that smells like lemons. In Coimbra we have several. It is, as I have already written, a molecule that is isomeric to eucalyptol and is widely used in dishwashing detergents.

It was Corpus Christi. I read that it had been a traditional festival in Valencia and that there were processions and other activities. The truth is that it wasn't even a public holiday, like in Portugal, and although I went through a mass and saw a religious float, I noticed very few things. [update: festivities are held the following Sunday; also I corrected a stupid and annoying mistake created somehow by the automatic translation that I didn't noticed].

I went to the rice museum. It is well made and very informative, in an old rice processing factory. Valencia rice and paella, as we know, are famous all over the world. Two curiosities: “paella” in the local language means frying pan and it makes sense. In Portugal, “paella” is known as “Valencian rice”. Another curiosity related to this. Although paella has some clichés and one is a very varied thing, whose main image is that of rice cooked with saffron fried in a frying pan, it does not traditionally have seafood. The traditional “Valencian paella” has a recipe subject to the designation of origin. It does not include shellfish and is made with rice, chicken, rabbit, and some species of green beans known as "ferraura," garrafón, and "tavella." It also takes tomato, olive oil, ground paprika, saffron threads, rosemary, and of course, water. The use of rosemary is curious, but we have already seen that it is very common in these parts. It is essentially starch which, upon heating, absorbs water and increases in volume, becoming soft. It has no proteins that denature with heating and is gluten free (a characteristic protein of wheat). It also lacks vitamins, in particular some of the B complex. Some time ago, a transgenic rice that had these vitamins was proposed, but there was an irrational resistance to its production.

Next door was the museum of the Holy Week festivities in Valencia. It is impressive that there are confraternities, litter, and clothes. It is apropos to mention this kind of Spanish madness with the bars. Everywhere you can see railings made of the most varied materials but in particular iron. It makes sense for the wind to pass from one side to the other to have doors that are bars, but some look like real prisons. I read somewhere that the Spaniards are the only people who arrest their saints. This took us a long way, but the objective is different.

Another thing I found very interesting was the apparent relationship between Carlsberg and Denmark. It wasn't just the ad for beer “from a happy country” (which I photographed); it was more than that: a chimney. The twisted chimney of an old paper mill, dating from 1905, is very similar to the twisted chimney of an old factory of this beer that a previous owner associated with the “beauty of science.”

At the silk museum, we can follow the development of an activity that was very important in Valencia. It should be noted that silk is very similar to wool, in terms of proteins, and constituents, but the fabric is very different. In one part of the museum, the natural dyes that were used are displayed. Cochineal for carmine, turmeric or saffron for yellow, indigo for blue and oak galls, and walnut shells for black; for the purple one was used a lichen, the orchilla of Lanzarote /Roccella canariensis) or a marine snail.

In many streets we can find mulberry trees. Silkworms only like their leaves. We know that it is a molecule present in these leaves that makes the caterpillars go to them. A good memory of the silk business.

There are many things, particularly related to chemistry, that I saw in Valencia. I said in 2022 that I had to go back. I went back in 2024 and wrote the following text.

I didn't have much time to see the city, but I was able to visit its surroundings. When I arrived in Valencia, I went to the Albufera nature reserve. I passed through the southern canal, where the course of the River Turia has been diverted, which was not at all what I expected. It was quite a wide channel, dry and full of plants. Everywhere you could smell the same smell I noticed in 2022, but I can see now that it might be something else. There were lots of orange groves and I saw several people applying phytochemical treatments to them, as well as lots of rice fields. I photographed a bird in a rice field, behind which was a farmer and behind everything were the cranes of a port.

Sophia de Mello Breyner Adresson has a poem, O Rei de Ítaca, in which she says that the world is very wrong because the hand is disconnected from thought and no longer knows how to build and guide a plow. Well, it wouldn't be so bad if people knew where their food came from, especially rice and oranges. Many see the bird, but not the rice fields, the orange trees, the farmer, and the cranes at the port.

On the last day I went north to Sagunto. My main objective was to see "blast furnace number two", a museum-like industrial facility, but I ended up seeing more, namely the large AGC flat glass factory. According to what I saw on their website, this company has a hundred facilities, 13,000 people work there, producing a wide variety of glass for construction and automobiles.Once again, how many of us appreciate the multiple layers of flat and laminated car glass? 

Blast furnaces make it possible to obtain pig iron because of the impurities it contains.Pig iron is obtained from iron ores by reacting with coal according to the reactions Fe2O3 + 3C → 2Fe + 3CO and Fe2O3+3CO→ 2Fe+3CO2, with around half of each gas being released into the atmosphere.The process is much more complex as the metal incorporates carbon during the process and there are many other reactions due to impurities.Later, pig iron is converted into steel through various processes. The first process to produce large quantities of steel was the Bessemer process, in which air was used to oxidize the carbon and impurities.Later, the Siemens-Martin process complemented the Bessemer process.Eventually, both became obsolete and most steel is now obtained by the basic oxygenation process. In this one, oxygen is pumped into the liquid iron as in the previous ones, but this is accompanied by a flow of calcium oxide and limestone, which is naturally basic. This type of heavy industry has ceased to be profitable in Europe and no longer involves the large number of workers it did at the beginning.

China is the largest steel producer, with over a billion tons, followed by India with just over a hundred million tons (World of Steel, 2024).Spain produces just over ten million tons and Portugal two million tons (World of Steel, 2024).

The emission of carbon dioxide and gases responsible for increasing the greenhouse effect is around 11% of total human emissions.For this reason, large companies are trying to minimize these emissions by investigating ways of heating to avoid the emission of these gases and using hydrogen as a reducing agent, which in simplified form I think can be translated into the reaction, Fe2O3 + 6H2 → 2Fe + 3H2O.

I didn't have time to eat paella, but I did try orchata, a sweet, non-alcoholic drink made from a local plant.  

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