Passeios Químicos em Paris [Chemical trails in Paris]


[Estive em Paris alguns dias, já há algum tempo. Já não ia a esta cidade há mais de 30 anos e tinha alguma curiosidade sobre os locais relacionados com a Química. Descobri que não estavam assinalados em geral. Em Vilnius, no congresso de história da Química, tive oportunidade de comentar isso com uma investigadora que
concordou e falou precisamente das questões do património que estão relacionadas. Ainda há muito para fazer sobre isso. Outra investigadora começou a analisar os diários de viagem de Antoine Lavoisier e verificou, mais uma vez, que apesar de todo o trabalho feito, sabemos pouco sobre este ícone da química. É muito curioso que os diários de viagem têm entradas também com a letra de Marie-Anne Paulze, além de que embora esta tenha tido muito cuidado a recolher os seus documentos depois de ter sido decapitado, estes diários estão nos EUA e há ainda muitos documentos em coleção privadas. A imagem pública deste, mesmo entre os químicos, e bastante simplória e não deveria ser.]

Se há cidade de que todos já devem ter ouvido falar é de Pais. Trata-se de uma cidade cheia de ícones bem conhecidos, mas a torre Eiffel é um dos mais consensuais. Inscrita nesta, estão os nomes de
muitos Químicos e Cientistas Franceses que contribuíram para esta ciência: Lavoisier, Dumas, Wurtz, Dulong, Petite, Ampere e muitos outros. Mas esperem lá, Ampere não está ligado à Física? Também, claro. Mas é autor de ideias semelhantes às de Avogadro que uma vez aceites conduziram a valores corretos das massas atómicas e a ideias mais corretas sobre moléculas homonucleares. Uma aluna minha chamou-me a atenção que outro nome inscrito é de Le Chatelier (eu não tirei fotografia desse lado). 


As fontes Wallace são um ícone de Paris menos conhecido. Feitas de ferro forjado e pintadas de verde escuro, cem foram oferecidas por este milionário inglês no final do século XIX. Hoje ainda estão a funcionar, mas há inovações como seja apresentarem valores da composição e qualidade da água, que é obviamente tratada e vigiada.

Perto da Gare de Austerlitz fotografei algo que me pareceu um indicador da qualidade do ar. Não era (de facto, era o sinal de um autocarro que por acaso parecia NO2, mas penso que seria uma boa ideia serem apresentados publicamente os valores da qualidade do ar, os quais hoje em dia podem ser medidos com alguma facilidade). Penso que por um lado mostraria que o ar de Paris não é assim tão mau como ouvi alguns amigos dizerem e por outro poderia contribuir para alguma melhor auto-regulação. No entanto percebo os receios que possam existir. Por um lado, há alguma possível falta de educação ambiental e algumas pessoas só aceitariam valores de zero. Faço notar que encontrei muitos cartazes nas ruas em que vários supermercados valorizavam muito não terem resíduos de pesticidas nos seus produtos. Concordo, mas as coisas são muito mais complexas que muitas vezes são apresentadas. 

O conhecido bairro Saltepietre tem dois aspetos interessantes em termos químicos. De forma direta, deve o seu nome às nitreiras onde era obtido salitre, nitrato de potássio, o material mais difícil de obter para produzir pólvora, fabricado a partir de dejetos. Lavoisier foi um dos impulsionadores desta produção e seu administrador.  Evoca outros aspetos químicos de forma indireta. Há ali um dos maiores e mais conhecidos hospitais de Paris (neste momento em grandes obras), mas este espaço começou por ser um asilo de mulheres onde Charcot desenvolveu o conceito de histeria, sendo que o internamento por doenças mentais é cada vez mais raro. Desceu bastante quando ficaram disponíveis moléculas psicotrópicas.    

Ali perto, fica o Jardim das Plantas que além de muito bonito, está muito bem organizado. Encontrei ali várias plantas que eram (e são ainda) usadas para tingir. Podemos encontrar a garança (Rubia tinctorum) que era usada para obter um vermelho bastante forte e o pastel dos tintureiros (Isatis tintorum) que origina uma cor azul, devido ao índigo que fica livre com a fermentação da planta,  entre outras. Podemos encontrar muitas outras plantas com ligação além de corantes, a medicamentos ou perfumes. Chamou-me a atenção o Stirax (Stirax officinalis), o estóraque, cuja resina é muito aromática.

O Jardim do Luxemburgo é muito agradável, embora tivesse vento quando lá estive, e é simpático poder mover as cadeiras. Achei muito interessante ter encontrado uma parte que serve de armazém a um número muito grande de colmeias. Imagino que estas estejam estrategicamente colocadas pelo jardim. Isto aqui é um passeio químico, não puramente biológico, mas queria chamar a atenção para a polinização.
Primeiro, nem todas as plantas são polinizadas por insetos (pode ser o vento por exemplo) e há muito mais insetos polinizadores do que as abelhas. Embora, claro, o seu declínio seja motivo de preocupação. E logo que alguns pesticidas se tornaram suspeitos desse resultado, nomeadamente alguns neo-nicotinóides, a utilização destes compostos foi banida na UE. Deve acrescentar-se que todas as autorizações de comercialização de pesticidas são precárias e passíveis de revogação.
Outro aspeto muito interessante é a exposição de macieiras. São dezenas em sebes bemorganizadas, que quando florescem e dão frutos deve ser muito belo (quando lá estive, as flores estavam a começar a despontar). Mais uma vez uma aspeto biológico que é necessário reter. Temos muitas maçãs diferente devido a cruzamentos e mutações, sendo que as espécies que nos interessam mais e a que damos designações como “Golden”, “Starking”, etc. são propagadas por estaca, ou seja são clonadas.

A manufatura e tinturaria Gobelins ainda hoje funciona. Na fachada do seu edifício histórico podemos ver baixos relevos com alusão a vários aspetos do processo fabrico, sendo um deles a Química. Eles têm um museu (que não visitei), mas são aqui valorizados os vários aspetos da produção de texto, incluindo os químicos.

Perto do museu do Louvre há uma estátua de outro ícone francês, Joana d’Arc, e esta estátua é muito dourada. Encontramos muitas vezes objetos no espaço público, estátuas com dourados, mas serão de ouro? Imaginamos que não sejam de ouro maciço, mas terão ouro na superfície?

Só uma análise da composição confirma, mas embora ao longo do tempo se tenham usado muitos materiais e haja muitas coisas, nomeadamente o latão (mistura de zinco e cobre) que tenham cor dourada, esta cor não se mantém além de de que uma cor tão dourada muito difícil de obter. São provavelmente recobertos com folha de ouro. Estas têm uma espessura tão pequena, da ordem das camadas de átomos, que o ouro numa estátua é tão diminuto que não valeria a pena ser roubado. A análise da composição em ouro é feita por ensaios não destrutivos, pelo método da pedra de toque que já é referido na Bíblia. Pode esfregar-se um pouco e o esfregado é comparada com padrões de cor.
Ou modernamente pode usar-se fluorescência de raios X para identificar a composição. Ou ainda podem fazer-se ensaios destrutivos químicos. Qualitativamente, faz-se um pequeno risco e usam-se ácidos (nomeadamente a água régia que é uma mistura de ácido clorídrico e nítrico que é a única mistura de ácidos que dissolve ouro, e observar as suas ações. Quantitativamente, retira-se um parte mínima e podem fazer-se os ensaios pesando rigorosamente.       

O Museu do Louvre é muito procurado e há filas enormes. Não vou aqui referir os aspetos e as obras mais conhecidos, mas em algumas coisas em que reparei. Por exemplo, uma aula com base em instrumentos médicos antigos, esculturas usando marfim e uma sala com molduras sem quadros. O marfim, em particular o que seria obtido de baleias, é um material que já não é usado hoje em dia. As molduram sem quadros queriam chamar a atenção para os milhares de obras que este museu tem em reserva, mas podemos também entendê-las como as obras de arte que ainda não existem, o qu de alguma forma poderia também ser uma imagem das moléculas que ainda não foram inventadas os descobertas.
Chamou-me também a atenção um espaço educativo para as crianças onde existem várias atividades interativas. Uma era precisamente sobre aromas clássicos. Infelizmente não estava lá ninguém. Os museus muito famosos como este têm quase uma maldição: atraem milhões para ver grandes obras como a Mona Lisa, mas quase ninguém para descobrir coisas novas.

O edifício do Museu de Orsey é interessante em si mesmo. É uma antiga estação ferroviária de ferro forjado situada ao lado do Sena e por isso teve de ser protegida contra as inundações. As obras estão também protegidas contra as trepidações, pois tem um estação por debaixo. Mais uma vez não irei falar das pinturas e esculturas que são bem conhecidas, mas seria interessante lembrar a materialidade dos pigmentos e de outros materiais. Mas, aqui vou referir um aspeto que me chamou a atenção recentemente: os vidros anti-reflexo usados em museus. Estes vidros através de várias camadas de revestimentos atenuam muito os reflexos que os vidros normais apresentam. Mesmo assim, não os eliminam completamente.
Outros aspetos que podem ser apresentados por estes vidros será uma muito maior transparência, ausência de cor (os vidros normais embora sejam transparente, podem ter por exemplo a cor verde devido aos iões ferro), além da resistência ao impacto que envolve tratamentos térmicos elaboradas.  Durante o tempo em que lá estive houve uma grande manifestação contra o aumento da idade da reforma. Em geral, estas são grandes momentos de festa (nós vimos isso), mas em algumas franjas há violência. No dia seguinte vimos em algumas lojas (normalmente de objetos e roupas de luxo) vidros que tinham sofrido impactos violentos. Ficaram marcados mas não quebraram.   

Na fundação Louis Vuitton, estava uma grande exposição de Basquiat e Andy Wahrol, dando muito relevo aos quadros pintados a quatro mãos por eles. Logo início, há um quadro que evoca uma antigo marca de bicarbonanto de sódio. Vários outros quadros usam o símbolo da General Electrics e outros quadros ainda têm como tema o algodão e a sua produção.

Algo que me surpreendeu foi o Museu do Perfume da Fragonard, perto da Ópera e das galerias Lafayete e Printemps. Tudo indicava que seria de alguma forma um museu que apontava para a loja, mas é muito mais do que isso. Tem uma exposição bastante completa e instrutiva sobre a história clássica dos perfumes. Faltam as contribuições modernas, como as moléculas sintéticas e os modelos olfativos, por exemplo, mas mesmo assim é muito instrutivo. Soube no congresso de história da Química que a Fragonard tem um outro museu em Grasse onde valoriza esses aspetos.

As lojas de “alta costura” estão agrupadas em determinadas zonas de Paris. Já referi os seus vidros que foram molestadas por alguns manifestantes. Agora vou referir os materiais. Como se sabe, o problema ambiental mais grave a seguir aos combustíveis são as roupas. As grandes inovações, o cuidado com a origem e fim de vida, e o aumento de sustentabilidade são anulados pelo aumento do consumo que é conhecido como “fast-fashion”. Consumir de forma mais consciente, reusar, reciclar, ter materiais mais sustentáveis são os caminhos apontados (mais do que apontados; desenvolvidos) para evitar o “Apocalipse da Moda”. 

Chamou-me também a atenção um loja chamada Plásticos de Paris. O plástico hoje em dia é muito diabolizado, mas trata-se essencialmente do de uso único. Sem plástico não teríamos computadores, nem telemóveis e não teríamos muitas das comodidades e avanços do mundo moderno. Nem teríamos a sustentabilidade que temos hoje em muitas coisas. Numa perspetiva simplista temos “plástico bom” e “plástico mau” mas o mundo é muito mais complexo. O famoso texto de Roland Barthes sobre o plástico ser uma imitação já tem quase setenta anos e vemos hoje que não é assim. O plástico permitiu muitas outras aplicações que não existiam e não imitam nada.      

Em Paris, a separação dos lixos é mais simples do que em Portugal e noutros países: plástico, metal e papel num lado, vidro noutro e lixo orgânico. Não tive tempo analisar em detalhe a razão por que fazem isso, mas parece-me razoável, sendo a separação feita nos locais próprios, embora fique a pensar na contaminação do papel pelos restos das embalagens. Até poderiam juntar de outras formas, pois vidro e metais são fáceis de separar e mesmo vidro e plásticos também pois a densidade do vidro é cerca de 2.5 g/mL e a do plástico mais denso (o poliéster, se não me me engano, é 1.38 g/mL). Enfim, um assunto a estudar, mas não estou solitário a analisar estas coisas aparentemente mais sujas e vulgares.
Victor Hugo dedica um capítulo inteiro de “Os Miseráveis” a falar dos esgotos de Paris que todos os dias deitam ao rio uma fortuna. Este autor baseia-se numa boa parte em Justus von Liebig, um químico Alemão, que estudou muito o assunto e revolucionou a forma como hoje se estuda e aprende Química. Podemos ir das coisas mais nobres às mais vulgares, sempre com a Química.

Depois de ter escrito que se notavam poucas marcas da história da química em Paris fui investigar melhor as estátuas de Lavoisier. Embora uma estátua de bronze na Madeleine tenha sido destruída em 1940 para reciclar os metais (muitas estátuas em Paris tiveram o mesmo fim), há duas estátuas em Paris, há duas outras estátuas em mármore que não vi. Uma encontra-se na parte exterior do palácio do Louvre e outra na fachada do Hôtel de Ville. Não reparei em nenhuma das duas.

Bibliografia

Alex Gray (Ed.) Paris : Guia de viagem. Penguim Random House, 2015.

[verified automatic translation]

[I was in Paris for a few days a while ago. I hadn't been to this city for over 30 years and was somewhat curious about the places related to Chemistry. I found that they were not marked in general. In Vilnius, at the Congress on the History of Chemistry, I had the opportunity to comment on this with a French researcher who agreed with me and spoke precisely about heritage issues that are related. There is still a lot to do about this. Another researcher started to analyze the travel journals of Antoine Lavoisier and verified, once again, that despite all the work done, we know little about this icon of chemistry. It is very curious that the travel diaries also have entries in Marie-Anne Paulze's handwriting, and that although she took great care to collect his documents after he was beheaded, these diaries are in the USA and there are still many documents in private collections. The public image of this, even among chemists, is rather simplistic and should not be].

If there is one city that everyone has probably heard of, it is Pais. It is a city full of well-known icons, but the Eiffel Tower is one of the most consensual. Inscribed on it are the names of many French Chemists and Scientists who have contributed to this science: Lavoisier, Dumas, Wurtz, Dulong, Petite, Ampere, and many others. But wait a minute, isn't Ampere connected with Physics? Also, of course. But he is the author of Avogadro-like ideas that once accepted led to correct values of atomic masses and more correct ideas about homonuclear molecules. A student of mine pointed out to me that another name inscribed is by Le Chatelier (I didn't take a picture of that side). 

The Wallace fountains are a lesser-known icon of Paris. Made of wrought iron and painted dark green, hundred were gifted by this English millionaire in the late 19th century. Today they are still working, but there are innovations such as presenting values for the composition and quality of the water, which is treated and watched over.

Near the Gare de Austerlitz, I photographed something that looked like an air quality indicator. It wasn't (in fact, it was the sign of a bus that happened to look like NO2, but I think it would be a good idea to publicly display air quality values, which nowadays can be measured quite easily).

I think that on the one hand, it would show that the air in Paris is not as bad as I heard some friends say, and on the other hand it could contribute to some better self-regulation. However, I understand the fears that might exist. On the one hand, there is some possible lack of environmental education and some people would only accept values of zero. I note that I found many posters in the streets where several supermarkets placed a high value on not having pesticide residues in their products. I agree, but things are much more complex than they are often presented. 


The well-known Saltepietre neighborhood has two interesting aspects in terms of chemistry. Directly, it owes its name to the nitrites where saltpeter, potassium nitrate, the most difficult material to obtain to produce gunpowder, was obtained from waste. Lavoisier was one of the driving forces behind this production and its administrator.  It evokes other chemical aspects indirectly. There is one of the largest and best-known hospitals in Paris (currently under major construction), but this space started as an asylum for women where Charcot developed the concept of hysteria and hospitalization for mental illness is becoming increasingly rare. It went way downhill when psychotropic molecules became available.    

Nearby is the Garden of Plants, which besides being very beautiful, is very well organized. There I found several plants that were (and still are) used for dyeing. We can find the garança (Rubia tinctorum) which was used to obtain a very strong red and the dyers' pastel (Isatis tintorum) which gives a blue color due to the indigo that becomes free with the fermentation of the plant, among others. We can find many other plants with links besides dyes, to medicines or perfumes. My attention was drawn to Stirax (Styrax officinalis), the styrax, whose resin is very aromatic.

The Luxembourg Garden is very nice, although it was windy when I was there, and it's nice to be able to move the chairs around. I found it very interesting to have found a part that serves as a warehouse for a very large number of beehives. I imagine these are strategically placed throughout the garden. This is a chemical walk here, not purely biological, but I wanted to draw attention to pollination. First, not all plants are pollinated by insects (it could be the wind for example) and there are many more pollinating insects than bees. Although, of course, their decline is cause for concern.
And as soon as some pesticides became suspicious of this result, notably some neo-nicotinoids, the use of these compounds were banned in the EU. It should be added that all pesticide marketing authorizations are precarious and subject to revocation. Another very interesting aspect is the display of apple trees. There are dozens of them in well-organized hedges, which must be very beautiful when they bloom and bear fruit (when I was there, the flowers were just starting to bloom). Once again a biological aspect must be retained. We have many different apples due to crossbreeding and mutations, and the species we are most interested in and to which we give names such as "Golden", "Starking", etc. are propagated by cuttings, i.e. they are cloned.

The Gobelins manufacturing and dyeing plant is still in operation today. On the facade of their historic building, you can see bas-reliefs alluding to various aspects of the manufacturing process, one of them being chemistry. They have a museum (which I did not visit), but here the various aspects of text production, including chemistry, are valued.

Near the Louvre Museum, there is a statue of another French icon, Joan of Arc, and this statue is very golden. We often find objects in public spaces, statues with gold, but are they gold? We imagine that they are not solid gold, but will they have gold on the surface?

Only an analysis of the composition confirms, but over time many materials have been used and there are many things, including brass (a mixture of zinc and copper) that have a golden color. But this color does not remain and also such a golden color is very difficult to obtain. They are probably covered with gold leaf. These have such a small thickness, of the order of layers of atoms, that the gold in a statue is so tiny that it would not be worth stealing. Analysis of the gold composition is done by non-destructive testing, the touchstone method that is already mentioned in the Bible. Some rubbing can be done and the rubbing is compared with color standards. Or modernly X-ray fluorescence can be used to identify the composition. Or chemical destructive testing can be done. Qualitatively, one makes a small scratch and uses acids (namely aqua regia which is a mixture of hydrochloric and nitric acid which is the only mixture of acids that dissolves gold, and observes their actions. Quantitatively, a tiny part is taken and the tests can be done by weighing it rigorously.       

The Louvre Museum is very popular and there are huge queues. I won't mention the most well-known aspects and works here, but a few things I noticed. For example, a class based on ancient medical instruments, sculptures using ivory, and a room with frames without paintings. Ivory, in particular, that which would be obtained from whales, is a material that is no longer used today. The frames without paintings wanted to draw attention to the thousands of works that this museum has in reserve, but we can also understand them as works of art that do not yet exist, which in some way could also be an image of the molecules that have not yet been invented or discovered. My attention was also drawn to an educational space for children where there are several interactive activities. One was precisely about classic aromas. Unfortunately, no one was there. Very famous museums like this one have almost a curse: they attract millions to see great works like the Mona Lisa, but almost nobody to discover new things.

The building of the Orsay Museum is interesting in itself. It is an old wrought iron railway station located next to the Seine and therefore had to be protected against flooding. The works are also protected from shaking as it has a station underneath. Once again I will not talk about the paintings and sculptures that are well known, but it would be interesting to remember the materiality of the pigments and other materials. But here I will mention an aspect that has caught my attention recently: the anti-reflective glass used in museums. Through several layers of coatings, these glasses greatly attenuate the reflections that normal glass presents. Even so, they do not eliminate them. Other aspects that can be presented by these glasses will be much greater transparency, absence of color (the normal glasses although transparent, can have for example a green color due to iron ions), besides the resistance to the impact that involves elaborate thermal treatments.  During the time I was there there was a big demonstration against raising the retirement age. In general, these are great moments of celebration (we saw this), but in some bangs there is violence. The next day we saw in some stores (usually of luxury objects and clothes) glass that had been violently impacted. They were marked but not broken.   

At the Louis Vuitton Foundation, there was a large exhibition of Basquiat and Andy Warhol, giving much prominence to the paintings painted four-handed by them. Early on, there is a painting that evokes an old brand of baking soda. Several other paintings use the General Electrics symbol, and still, other paintings have cotton and its production as their theme.

Something that surprised me was the Fragonard Perfume Museum, near the Opera and the Lafayette and Printemps galleries.

Everything indicated that it would somehow be a museum pointing to the store, but it is much more than that. It has a fairly complete and instructive exhibit on the classical history of perfumes. It lacks modern contributions, such as synthetic molecules and olfactory models, for example, but it is still very instructive. I learned at the History of Chemistry Congress that Fragonard has another museum in Grasse where it emphasizes these aspects.

The "haute couture" stores are clustered in certain areas of Paris. I have already mentioned their windows that have been harassed by some protesters. Now I will mention the materials for the clothes. As is well known, the most serious environmental problem after fuel is clothing. The great innovations, the care with the origin and end of life, and the increase of sustainability are nullified by the increase of consumption that is known as "fast fashion". Consuming more consciously, reusing, recycling, and having more sustainable materials are the paths pointed out (more than pointed out; developed) to avoid the "Fashion Apocalypse". 

My attention was also drawn to a store called Plastics of Paris. Plastic is much demonized today, but it is essentially the single-use one. Without plastic, we wouldn't have computers or cell phones, and we wouldn't have many of the conveniences and advances of the modern world. Nor would we have the sustainability that we have today in many things. From a simplistic perspective, we have "good plastic" and "bad plastic" but the world is much more complex. Roland Barthes' famous text about plastic being an imitation is almost seventy years old and we see today that this is not so. Plastic has allowed many other applications that did not exist and do not imitate anything.

In Paris, the separation of waste is simpler than in Portugal and other countries: plastic, metal, and paper on one side, glass on the other, and organic waste. I haven't had time to analyze in detail why they do that, but it seems reasonable to me, as the separation is made in the proper places, although I wonder about the contamination of paper by the remains of packaging. They could even collect it in other ways, because glass and metals are easy to separate, and even glass and plastics are easy to separate because the density of glass is about 2.5 g/mL and the density of the densest plastic (polyester, if I'm not mistaken, is 1.38 g/mL).

Anyway, a subject to be studied, but I am not alone in analyzing these seemingly dirtier and more ordinary things. Victor Hugo dedicates an entire chapter of "Les Misérables" to talking about the sewers of Paris that every day pour a fortune into the river. This author is based in a good part on Justus von Liebig, a German chemist, who studied the subject a lot and revolutionized the way we study and learn chemistry today. We can go from the noblest to the most ordinary things, always with Chemistry.

After I wrote that little trace of the history of chemistry was noticeable in Paris I went to investigate further the Lavoisier statues. Although a bronze statue on the Madeleine was destroyed in 1940 to recycle the metals (many statues in Paris had the same end), there are two other marble statues in Paris that I have not seen. One is on the outside of the Louvre palace and one is the façade of the Hôtel de Ville. I haven't noticed either of them.

Bibliography

Alex Gray (Ed.) Paris: a travel guide. Penguin Random House, 2015.


      



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