Na zona da Universidade podemos encontrar imensos carros estacionados. A química está presente em todas as partes dos automóveis e poderíamos falar horas sobre isso. Desde logo nos combustíveis e nos materiais de que é feito um carro. Mas também está na pintura e nos tratamentos anti-corrosão. Está nos vidros e nos espelhos, nos lubrificantes, nos gases de escape, nos métodos usados para minimizar esses gases, no motor, no catalisador, no ar condicionado, nas baterias, no air-bag. E até há quimica no rádio e no leitor de CD...
Os combustíveis mais comuns, gasolina e gasóleo, são misturas de hidrocarbonetos que eram inicialmente obtidos siplesmente por destilação do petróleo. Hoje em dia, dada a sua grande procura, é também necessário obtê-los a partir de fracções de hidrocarbonetos mais pesados por um processo denominado cracking. Este processo tem tendência a originar hidrocarbonetos aromáticos que são potencialmente nocivos para o ambiente (embora bons para o combustível). É de notar que as quantidades máximas destes compostos são rigorosamente controladas. Além dos hidrocarbonetos e de possíveis impurezas, os combustíveis têm também vários tipos de aditivos. Hoje em dia usam-se muitos aditivos da família química dos éteres.
Em termos histórios, um dos aditivos mais famigerados foi o tetraetilchumbo, inventado por Thomas Midgley Jr.[1] para aumentar o poder detonante das gasolinas. Este composto era adicionado numa quantidade muito pequena, mas mesmo assim, dado o volume de carros em circulação, tornou-se um problema ambiental e de saúde pública muito sério. Deve notar-se que, deste o início houve muita resistência, especialmente da parte dos químicos (conhecedores profundos dos malefícios do chumbo), a esta grande invenção envenenada. Essa preocupação com o ambiente e saúde pública, aliada ao aparecimento de motores mais eficientes e com catalizadores (os quais são envenenados pelo chumbo) levou à proibição deste famigerado aditivo.
Outros combustíves também usados nos automóvies são o gás de petróleo liquefeito (GPL), o gás natural e o biodiesel. Os dois primeiros são também usados nas nossas casas para aquecimento e cozinhar e são referidos numa outra paragem. O biodiesel pode ser obtido por reciclagem de óleos alimentares usados, mas a sua produção a partir de plantas, cultivadas especialmente para esse fim, tem-se revelado bastante polémica.
A química dos pneus é também muito interessante. Desde logo a descoberta acidental da vulcanização por Goodyear. E, por que razão são os pneus em geral pretos? É que o pigmento negro de fumo (que é carbono quase puro) contribui também muito para a sua durabilidade e resistência.
Da protecção anti-corrosão que permite aos fabricantes prometerem anos e anos de garantias, falamos junto aos sinais de trânsito. E sobre a pintura também há muito a dizer. A tinta metalizada tem mesmo grânulos metálicos minúsculos de alumínio, mas as pinturas mais espectaculares são as que criam efeitos translúcidos baseados em grânulos de materiais inorgânicos.
E poderíamos continuar a discursar sobre a química dos carros, mas temos pressa em continuar o nosso passeio...
[1] Thomas Midgley Jr., cuja formação de base é a engenharia mecânica (seguida de um doutoramento em química), está associado a duas das maiores catástrofes ambientais do século XX: o chumbo nas gasolinas e os clorofulorocarbonetos (CFC). Estes últimos, dos quais falamos noutra parte do passeio, estão relacionados com o buraco do ozono.
[Versão de 17 de Julho de 2009. Última alteração de 27 de Abril de 2010]
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