Nos jardins em volta do edifício das Químicas há vários canteiros com aloés [1]. A Aloe Vera é uma planta muito usada em remédios e cosméticos naturais, que é referida, por exemplo, n'Os Lusíadas. Ainda não terá sido descoberto, nesta planta, nenhum princípio activo eficaz que possa ser usado como base para o desenvolvimento de medicamentos (um lead), mas a maioria dos estudos realizados indica que os extractos desta planta têm efeitos benéficos gerais. No entanto não podemos cair na falácia de que alguma coisa não pode fazer mal por ser natural. De facto, há pelo menos um caso documentado de uma potencial interacção entre um anestésico e a ingestão de comprimidos de Aloe Vera [2].
Embora os aloés dos canteiros das Químicas não sejam Aloe Vera, encontrei num jardim de Coimbra os exemplares da foto ao lado que julgo serem mesmo Aloe Vera.
Para além da questão da utilização de produtos naturais como medicamentos, sem tomar em consideração que podem ter efeitos secundários, neste caso verifica-se que é também relevante o problema da identificação correcta da planta. A química medicinal e o desenvolvimento de novos medicamentos, devem, por isso, envolver equipas multidisciplinares de químicos, farmacêuticos, bioquímicos, botânicos, biólogos e médicos.
[1] O aloés que estão nos canteiros das Químicas não são, como estava implícito na versão inicial, Aloe Vera. Trata-se, se não estou em erro, de Aloe Arborescens, uma planta muita vezes confundida com a anterior, não raras vezes também por curandeiros populares, a qual não tem as mesmas características medicinais da Aloe Vera.
[2] A. Lee, P.T. Chui, C.S.T. Aun,T. Gin, A.S.C. Lau, Possible Interactions between Sevoflurane and Aloe Vera, The Annales of Pharmacotherapy, 38 (2004) 1651.
[versão inicial de 20 de Julho de 2009; correcções de 23 de Junho de 2012]
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