(PQ-UC) Sinais de trânsito e marcas na estrada

Nos sinais de trânsito podemos também encontrar química. O aço de que são feitos é protegido da corrosão com processos de galvanização (adição de uma camada de zinco), ou passivação por fosfatação ou por aplicação de resinas. Os sinais podem ser pintados com pigmentos inorgânicos ou orgânicos [1]. Os pigmentos brancos, em geral contêm dióxido de titânio. O vermelho não há muito tempo atrás provinha de pigmentos inorgânicos, inicialmente óxido de chumbo e posteriormente uma mistura de sulfato e molibdato de chumbo. Actualmente, devido à toxicidade do chumbo e abaixamento dos preços, começam a ser usados pigmentos orgânicos, nomeadamente o vermelho de dicetopirrolopirrol (DPP), mais conhecido por vermelho Ferrari[2]. É de notar que o óxido de ferro é um pigmento inorgânico que pode ter cores do vermelho ao castanho e poderá também ser usado. O azul pode ser um pigmento inorgânico designado por ultramarino, o qual tem uma estrutura químico bastante complexa, ou um pigmento orgânico de um grupo de compostos designado como ftalocianinas. A cor preta é dada pelo negro de fumo, referido na paragem do passeio em que se fala de carros. De facto, nos sinais da zona da Universidade que ostentam a marca SNSV foram usados, segundo informação dos fabricantes [3], os pigmentos dióxido de titânio, ftalocianinas, DPP e negro de fumo.

As marcas amarelas na estrada tinham até há pouco tempo como pigmento uma solução sólida de sulfato de chumbo e cromato de chumbo. Os pigmentos de chumbo e cromato são uma preocupação ambiental pois, embora sejam em condições normais muito pouco solúveis, são solúveis em meio ácido. Daí a necessidade de evitar o contacto de crianças com materiais pintados usando pigmentos com chumbo (perigo de ingestão). Assim, têm sido desenvolvidos pigmentos para subtituir os pigmentos amarelos de chumbo como seja o vanadato de bismuto que é muito menos tóxico.

Os sinais de trânsito podem ser recobertos com camadas retroreflectoras constituidas por camadas de micro-esferas de vidro dispersas numa resina ou polímero.

É de referir que os pigmentos orgânicos são em geral muito mais sensíveis à luz que os inorgânicos, mas têm aprecido cada vez mais excepções como as ftalocianinas e o DPP.

No Departamento de Química da FCTUC, em colaboração com empresas da especialidade, estão a ser estudados pigmentos inorgânicos fluorescentes e fosforencentes baseados sais em estrôncio, alguns dos quais já têm aplicação em sinalização.

[1] Os compostos orgânicos têm carbono na sua composição, mas nem todos os compostos de carbono são definidos como orgânicos. Por exemplo, o monóxido e o dióxido de carbono, os carbonatos, o diamante, a grafite e os fulerenos não são considerados compostos orgânicos. Compostos inorgânicos são todos os que não são orgânicos.
[2] Steven Litt, The story behind Pigment Red 254, nicknamed 'Ferrari Red' (acedido 28/7/2009)
[3] Agradeço à SNSV e à CIN as informações cedidas sobre os processos de produção de sinais de trânsito e sobre os pigmentos utilizados.

[Versão de 28 de Julho de 2009]

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